Equipe SOE – Pensemos juntos

29 de março de 2022 - 15:56

A quebra de valores tradicionais observada ao longo do século XX empurra o ser humano para uma crise existencial, em razão da solidão provocada pela ruptura da família e dos laços de solidariedade, pelo individualismo crescente, pela competição feroz em uma sociedade em contínua transformação. Com tudo isso, as relações estáveis de outrora são apenas recordações.

Quando a estabilidade dos relacionamentos estava garantida por valores morais reconhecidos, podia-se observar que a solidão, o vazio e o tédio, próprios da existência humana, estavam escamoteados por um caminho a seguir, definido por convenções sociais marcadas pela tradição e pelo respeito a normas consagradas. Na sociedade atual, onde tudo se transforma e novos valores são rapidamente consumidos e substituídos por outros que serão também logo desmanchados, o nível de angústia tende a aumentar por causa da insegurança gerada pelas contínuas mudanças.

Fruto destas transformações, não há mais regras claras a seguir ou a se contrapor. O “mocinho” bom e o “bandido” mau, a guerra fria com um inimigo conhecido, são coisas do passado. Se antes era mais simples lutar contra a ditadura e as multinacionais, “vilãs” de um certo momento histórico, hoje o maniqueísmo acabou. Se por um lado isso pode significar maturidade, por outro complica a situação, empurrando o ser humano para decidir tudo sozinho.

O casamento, a religião, a honra, a honestidade, o amor, tudo está em questão, nada é fixo ou estável. A solidão humana se acentua. Quem sou eu não é uma pergunta abstrata; “to be or not to be” (ser ou não ser) torna-se uma questão cotidiana, e não simples fala teatral.

HEGENBERG, Mauro; livro: Borderline e o momento atual, 6ª ed.

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